sexta-feira, 26 de abril de 2013

ELA

 
   Ela estava em seu quarto, ao seu lado um velho caderno rabiscado de coisas que não a agradava tanto e o seu querido rádio também velho, mas mais apresentável do que o caderno. Olhando fixamente o último verso que tinha escrito, ela pensa em como aquilo não era exatemente o que queria, pois ele permanecia igual a todos os outros, porém para ela pelo menos restava a boa música que lhe remediava a alma. Enganada mais uma vez pela mente armada de fantasias, tentava encontrar fatos ou explicações cabíveis para o seu novo estado. Ela nunca quis deixar seus pensamentos, suas convicções, seu jeito de ser para agradar ninguém, ao contrário, sempre foi do mesmo jeito e quando pensava em ser o contrário do que era, as imagens vindas na sua cabeça não a agradavam. Em um certo dia ela, se deparou com uma nova forma de si, deduziu mais madura,  mais verdadeira e a deixou implantar, mal sabia o quanto iria se arrepender. Aos poucos foi perdendo o que tinha, foi se desconhecendo, e finalmente se assutou diante da nova realidade. O velho caderno que nunca denotou nenhuma diferença em seus versos, era o seu único conforto de que a mudança não teria sido radical, mesmo assim, o medo disso acontecer lhe dava fortes ânsias, e angustias. Ela queria a velha ela, mas não sabia se era certo abrir mão da nova ela, ou se era só necessidade de aperfeiçoá-la.

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